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Autismo, Escola e Adaptações

2 de abril de 2019

Quando recebemos o diagnóstico de autismo do nosso filho sabíamos que as mudanças na nossa vida seriam grandes, imediatas e embora quiséssemos prever como isso aconteceria, era impossível pois não tínhamos um padrão a seguir…

Em meio a essa enxurrada de sentimentos, dúvidas e medos, olhei para meu filho e pensei: se você chegou na nossa família com uma necessidade especial é por que vamos dar conta do recado e então fechei meus olhos, fiz uma oração pedindo força, inspiração na nossa jornada e coloquei a mão na massa.

Virei noites estudando sobre autismo, conhecendo casos, buscando informações e me capacitando para auxiliá-lo da melhor forma possível. Adaptei meu lar, escola, rotinas e tudo, pensando na melhor forma de me comunicar com meu filho.

O Rafael é o terceiro dos meus 4 filhos (Letícia de 13 anos, Guilherme de 10 anos, Rafael de seis anos e Gabrielle de quatro anos) e a maternidade sempre foi um sonho, um desejo desde de minha infância.

Educar, instruir e inspirar pessoas sempre me motivou a buscar minha melhor versão, para que assim pudesse semear cada dia mais a transformação que desejo ver em mim, no mundo e na minha família.

As mudanças em casa e a forma de se comunicar com nosso filho, embora complexas, sempre são as mais fáceis dentro de um sistema de sociedade naturalmente diverso, e após a família, o mais próximo de sociedade que meu filho teria contato imediato seria a ESCOLA.

A escola é o ambiente onde crescemos, aprendemos e nos tornamos sujeitos ativos e incluídos na sociedade, mas como fazer essa INCLUSÃO se meu filho era NÃO VERBAL, ou sua comunicação era falha, diferente e restrita? Autistas veem o mundo no sentido literal, objetivo, com uma dificuldade grande em entender metáforas, figuras de linguagem, duplo sentido e as sensações, estímulos sensoriais totalmente desorganizados e potencializados de maneira mais intensa que a maioria das pessoas.

Meu filho sente e vê o mundo de uma maneira diferente, age e reage de forma diferente, e me ensina todos os dias a ver tudo por ângulos que nunca antes tinha observado, trazendo percepções, emoções e formas de comunicação que me surpreendem.

Aprender com as diferenças é a única forma assertiva de evolução, de transformação no mundo… E deveria ser algo NATURAL… Mas, nem sempre é! Foi vivenciando tudo isso que comecei a elaborar materiais que pudessem ajudar professores, familiares e toda a sociedade a se comunicar com meu filho e foi algo surpreendente, pois ajudou demais na inclusão dele na escola.

Vendo que isso era benéfico e funcionava no dia a dia aqui na minha cidade, resolvi disponibilizar gratuitamente na internet os materiais, dicas, experiências e vivências que tenho com meu filho para auxiliar e inspirar outras famílias. Os materiais que fiz para escola estão disponíveis gratuitamente para que famílias, professores e agentes educacionais possam baixar e utilizar em qualquer lugar do mundo.

O autismo não tem cura, mas a ação, vontade e conhecimento transformam vidas que de alguma forma necessitam de um olhar diferenciado, e embora a busca de cura para muitas famílias ainda seja um desejo grande, para mim ela já se deu no meu coração e quando vejo meu filho feliz, em harmonia e descobrindo cada dia mais sua melhor versão.

Desejo que todas as famílias de autistas encontrem a melhor versão dos seus filhos, que tenham força e coragem para enfrentar os desafios, o preconceito e as adversidades que surgem no caminho, muitas delas não são fáceis, eu sei e entendo, mas manter seu coração confiante, acreditar no potencial do seu filho e na sua capacidade de auxiliar ele com os recursos que você tem já promovem grandes mudanças…

 

2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo

 

Juliana Lanser Mayer

Presidente do Grupo de Apoio Educacional autismoS

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