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Transtorno do Espectro Autista: sintomas, tratamento e convivência

19 de abril de 2023

O mês de abril, desde 2007, é dedicado à Conscientização do Autismo, por uma iniciativa da ONU. Por isso, hoje vamos falar de TEA. Você sabe o que significa essa sigla? TEA refere-se ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), uma condição que afeta o desenvolvimento neurológico e que se manifesta das mais variadas formas. Dentre elas, as mais comuns são a dificuldade de comunicação e interação social, o atraso no desenvolvimento motor, a hipersensibilidade sensorial e comportamentos metódicos ou repetitivos.

Para esclarecer um pouco mais sobre a TEA, vamos reproduzir aqui alguns pontos da cartilha preparada pelo Instituto Olga Kos, entidade sem fins lucrativos que atua com o apoio de profissionais que possuem a experiência, habilidades e conhecimentos técnicos para promover o desenvolvimento e evolução dos portadores de TEA. Vamos começar?

Principais sintomas do TEA

 

• Dificuldades comunicação social: Problemas para iniciar e retribuir interação social ou emocional, além de dificuldade para manter relacionamentos. Problemas de comunicação não verbal tanto na produção de fala quanto compreensão. • Limitação na interação social: dificuldade de interagir com os pares da idade. Na maioria não brinca junto do amigos, não há trocas.
• Comportamentos repetitivos na fala, nos gestos e comportamentos.  

• Limitação em interesses e atividades com foco excessivo em determinada atividade.

Como a família deve agir diante dos sintomas de TEA

A família deve procurar ajuda cedo, assim que começar a perceber que a criança não estabelece contato visual, não aponta objetos e não responde quando dizem seu nome. Esses são sinais de alerta importantes que mostram que há necessidade de ajuda profissional para auxiliar o desenvolvimento.

Abrir-se para compreender a criança com TEA é o primeiro passo para sua efetiva inclusão social e para que quem convive com ela possa apoiar seu desenvolvimento. Observar e conhecer seu modo de se comunicar, informar a ela quando algo vai ser feito e tornar as ações mais explícitas são alguns cuidados iniciais que podem facilitar a aproximação. Isso vai ajudar a vencer a dificuldade inicial, quando o transtorno foi diagnosticado, levando à constatação de que a pessoa pode fazer parte da família e participar de atividades diversas ao longo da vida, numa relação de respeito ao seu modo de ser individual e único.

Mitos e verdades sobre o TEA

O Transtorno de Espectro Autista envolve uma série de estereotipos que não condizem com a realidade. E que precisam ser superados como forma de permitir a integração, assegurar o desenvolvimento e garantir qualidade de vida às pessoas com TEA. A cartilha do Instituto Olga Kos relaciona alguns.

– Comunicação:

Acreditou-se durante muito tempo que pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) não podiam se comunicar, mas cada vez mais se observa essa capacidade e também a possibilidade de interagir e de conviver com outras pessoas.

– Afetividade

Pessoas com TEA não gostam de outras pessoas? Gostam sim. Nota-se que elas buscam proximidade de outras pessoas e também elegem pessoas preferidas. Assim, elas estabelecem ligações afetivas.

– Capacidade Intelectual

Toda pessoa com TEA tem altas habilidades? Nem sempre a pessoa com esse transtorno tem uma inteligência global acima da média. Algumas vezes há uma habilidade isolada mais desenvolvida. Da mesma forma, a pessoa com TEA pode não apresentar deficiência intelectual, embora algumas vezes isso esteja presente.

– Comportamento

Crianças com TEA sempre balançam objetos? Movimentos estereotipados como balançar objetos são observados em crianças que têm Transtorno do Espectro Autista, mas elas podem aprender outros movimentos também. Pessoas com TEA podem ter sensibilidade maior em um ou mais dos cinco sentidos – visão, audição, olfato, tato e paladar. Quando isso acontece, as reações delas podem ser intensas. Isso acontece porque a sensibilidade torna o estímulo insuportável.

Outra característica é que o comportamento da pessoa revela dificuldade de lidar com mudanças que acontecem no ambiente em que vive, mesmo que sejam mudanças pequenas e rotineiras. Por isso, expectativas de comportamento devem ser explicitadas para a criança com TEA para que ela possa aprender a organização e o funcionamento dos ambientes em que vive.

– Relação com o mundo

A pessoa com TEA vive em um mundo próprio e não reconhece o mundo externo? Não é verdade. Ela assim como todas as pessoas, vivem num mesmo mundo, na Terra. Devemos incluir a pessoa autista e demonstrar respeito diante de seu modo de ser.

– Escola

Crianças com TEA tem de ter escolas especiais? Não. Crianças com TEA frequentam escolas comuns e devem ter suas necessidades específicas atendidas pelo Atendimento Educacional Especializado. A dificuldade de relacionamento interpessoal de estudantes com TEA constitui um desafio para familiares, professores e terapeutas – que devem buscar caminhos para se aproximar deles e estabelecer ligações afetivas e relacionamentos. O TEA não impede que a pessoa aprenda e se desenvolva, não há barreiras para desenvolvimento.

– Trabalho

As pessoas com TEA não podem trabalhar? É outra inverdade. Adultos com TEA estão inseridos no mundo do trabalho e, muitas vezes, apresentam fortes habilidades nas atividades profissionais, como boa memória e capacidade para perceber padrões.

Como tratar do TEA

A cartilha do Instituto Olga Kos deixa claro que o TEA não tem cura. No entanto, destaca o texto, atividades artísticas são modos de manifestação social e cognitiva que favorecem pessoas com TEA, que podem encontrar caminhos alternativos de expressão nessas atividades. Assim como as artes marciais proporcionam oportunidade de atividade física e ensinam valores importantes para a vida.

Com o tratamento, baseado em terapias específicas diante da necessidade da pessoa com TEA, busca-se aumentar a autonomia e desenvolver habilidades que possibilitem a interação com o ambiente e a comunicação. Quanto mais cedo se faz a estimulação, melhor será a inclusão dessa pessoa na sociedade e maiores as possibilidades de desenvolvimento pessoal e interpessoal.

A lei e a pessoa com TEA

A pessoa com espectro autista tem hoje seus direitos assegurados pela Lei Lei nº 12.764/2012, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, conhecida como Lei Berenice Piana. Por meio desta lei, desenvolvida com a participação de famílias atípicas, as pessoas no espectro são consideradas pessoas com deficiência para todos os efeitos legais. Hoje, a pessoa com TEA tem garantia de acesso às políticas públicas e a todos os direitos já consagrados às pessoas com deficiência. Não é mais admitida a recusa de ingresso da pessoa com autismo em planos de saúde privados, por exemplo. Da mesma forma, qualquer escola pode ser penalizada diante da recusa de matrícula do aluno com autismo. Outro direito assegurado pela Lei Berenice Piana é o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo, o que irá nortear todo o tratamento garantindo os direitos acima citados.

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