A Copa da inocência
25 de junho de 2018
O ano de 1994 foi marcado por uma série de fatores na história do brasileiro. Foi o ano que perdemos um dos grandes ídolos do esporte, Ayrton Senna, mas ao mesmo tempo, foi o ano em que o Brasil foi tetracampeão de
futebol e dedicou o título ao tricampeão de Fórmula 1. O título era nosso! Era assim que os brasileiros se sentiam. Foi a minha “Copa da Inocência”, onde eu acreditava em tudo que estava ali, sem saber de toda politicagem e tretas que
poderiam ter no futebol ou na F1. Voltando a 2018, minha mãe insistiu muito para que nós déssemos o
álbum da Copa do Mundo para o Cauê, e fazendo as contas, bom, é muita grana envolvida para completá-lo. Mesmo assim cedemos e valeu a pena. Na verdade, fiz um combinado com ele: eu teria que cortar as unhas dele e o
desafio foi aceito. Se ele não roesse as unhas e eu cortasse, ele ganharia o álbum. Dia a dia ele ia me mostrando as mãos para ver como elas estavam crescendo. Após duas semanas, ele recebeu seu prêmio.
Muito mais que um álbum, eu vejo o brilho no olho dele! A felicidade por conquistar cada jogador, entender como funciona os jogos até efetivamente começar o campeonato mundial. Eu vejo inocência. Aquela mesma inocência de 1994 está simplesmente estampada, contagiando a nossa casa. Eu brinco com ele que tem que assistir todos os jogos (independentemente se é do Brasil ou não), marcar os resultados no álbum. Ele ainda tem aquela magia gostosa de quem acredita no mundo, nas pessoas, no time, na torcida, no herói. Se um dia eu fui assim, só posso querer que ele aproveite e viva isso. Mesmo que a gente não tenha rotina de assistir aos jogos, ele gosta e treina futebol e, talvez no futuro, ele não seja um jogador profissional. Entretanto, ele sempre vai lembrar da Copa do Mundo de 2018. Eu até fiz uma pequena enquete com as pessoas da minha idade para saber qual foi a Copa que mais marcou a vida delas e foi a de 1994. Mesmo que o Brasil tenha sido Penta em 2002, é a de 1994 que guardam no coração.
Comentei com meu marido: essa é a “Copa da Inocência” do Cauê. Aos 12 anos ele não vai mais ver o futebol, o mundo, as pessoas, o time, a torcida da mesma maneira que ele vê hoje. Não vão mais existir heróis que ele possa
se apegar. E quem sou eu para tirar isso dele? Na verdade, tenho pensado muito sobre essas crenças populares que ele ainda tem (Fada do Dente, Papai Noel, Coelho da Páscoa), ele está começando a dar sinais de que não acredita mais. O mundo está se tornando mais real e menos fantasia. Como toda ilusão, uma hora termina e tudo que sobra é apenas realidade. Vou deixar ele viver a vida com inocência, descobrindo aos poucos a realidade que temos de corrupção, violência, discriminação, etc. Não me sinto super protetora por isso, apenas aproveitando e admirando enquanto ele ainda é inocente.
E seus filhos, muito animados com o álbum da Copa do Mundo? Virou febre na escola né?! Compartilha conosco qual foi a sua Copa da inocência e como você vê o comportamento dos seus filhos com relação à Copa de 2018.