Faz mal para a saúde! Como tirar da criança o hábito de roer unhas
4 de dezembro de 2020
Crianças que roem unhas são muito mais frequentes do que se imagina. Você sabia que esse hábito tem um nome? Chama-se onicofagia e, apesar do termo tão assustador, isso não é uma doença, mas algo que precisa ser cuidado logo no início para que não se torne um vício difícil de combater mais tarde. Está se deparando com esse problema em casa? Então entenda aqui o que leva uma criança a colocar a mão na boca e roer unhas. E como evitar que isso aconteça com o seu filho.
Sugestão de arte/imagem: mãozinhas de crianças
Por que as crianças roem unhas?
As primeiras manifestações costumam surgir por volta dos três ou quatro anos. A origem, normalmente, é a ansiedade. Nesse período, as crianças começam a fazer pequenas tarefas sozinhas, procurando se libertar da ajuda dos pais. Vestir a roupa, colocar a comida no prato, ir ao banheiro, escolher os brinquedos no armário são atitudes simples, mas que mexem com emocional dos pequenos. Isso provoca ansiedade – especialmente quando surgem dificuldades – e roer unhas se torna uma válvula de escape.
Mas há ainda outras razões comportamentais. Uma delas é o tédio. A rotina, a falta de desafios que exijam um maior envolvimento da criança, o excesso de proteção, também podem provocar o hábito de colocar a roer unhas. Da mesma forma que, no sentido oposto, mudanças muito bruscas como a troca de escola, a separação dos pais, a mudança da babá ou até mesmo a morte de um parente próximo, fazem da onicofagia uma espécie de fuga do enfrentamento da realidade.
Por fim – e se este for o seu caso, lembre-se que o exemplo vem de cima – há crianças que começam a roer unhas apenas para imitar o papai ou a mamãe que vivem com a mão na boca. E esta pode ser uma boa oportunidade para que você também enfrente o problema de frente, não é mesmo?
Sugestão de arte/imagem: crianças emburradas/tristes
Quais as consequências de roer unhas
A questão estética é importante, afinal ter unhas roídas não causa boa impressão. Mas os danos que esse mau hábito pode causar às crianças vão muito além disso, comprometendo seu próprio desenvolvimento. Roer unhas afeta a saúde bucal, pode atrasar a formação da arcada dentária, causar danos à gengiva e provocar a contaminação por vírus e bactérias. Não é por acaso que, nesses tempos de pandemia, uma das principais recomendações dos especialistas é evitar levar a mão à boca.
Há, ainda, um dano psicológico: criança que tem unhas roídas, e que não consegue se libertar desse hábito aos seis ou sete anos, está sujeita a sofrer bulling na escola, entre os amiguinhos do prédio ou do clube, o que agrava ainda mais a situação, dificultando resolver o problema.
Sugestão de arte/imagem: sorrisos de crianças
Como fazer a criança parar de roer unhas?
A primeira regrinha é simples: dar bronca, colocar de castigo, passar pimenta ou remédio que deixa um gosto ruim na boca não vai resolver. Isso só aumenta a ansiedade, desperta na criança um sentimento de que está sendo punida por uma coisa que não consegue controlar. É preciso entender as razões do problema e agir para resolvê-las.
– Valorize as conquistas
Tratamos aqui da ansiedade causada pela busca de autonomia como um dos fatores principais que levam a criança a roer unhas. Assim, valorize cada conquista que seu filho obtiver, elogie o que ele conseguir fazer sozinho, ajude-o, não com gestos, mas com orientações, a fazer aquilo que quer, mas que ainda não consegue. Isso vai acalmá-lo e lhe dar confiança.
– Distraia a atenção
Sempre que você estiver por perto e ver seu filho com a mão na boca, distraia sua atenção. Invente uma brincadeira, conte uma piada que o faça rir, uma história que vá despertar o seu interesse. Peça que faça alguma coisa, como pegar um objeto qualquer para você, por exemplo.
– Mantenha as mãos e a mente ocupadas
Atividades manuais e que ao mesmo tempo desenvolvam o raciocínio são um bom caminho. Desenhar, colorir e pintar, brincar com massinha de modelar, quebra-cabeças, jogos educativos são algumas opções que ajudam. Esportes como natação, andar de bicicleta ou jogar futebol também podem contribuir.
– Controle a TV e as telinhas
Quantas vezes você já não se pegou ou viu alguém roendo unhas assistindo a um jogo de futebol, um filme de suspense ou jogando videogame? Pois com os pequenos é a mesma coisa. Selecione o que vão assistir na TV, o que vão jogar nas telinhas. Situações de tensão são um convite à onicofagia.
– Converse, converse e converse
Independentemente de tudo, diálogo é fundamental. Explique para seu filho os problemas que roer unhas pode causar. Os prejuízos à saúde, às relações sociais “quando ele crescer”. Mas de uma forma delicada, lúdica se possível, sem assustá-lo.
– Procure ajuda
Por fim, se aos seis ou sete anos o hábito de roer unhas não tenha passado, é hora de procurar um psicólogo infantil. Ele vai ajudar a entender o problema, identificar e tratar das causas, seja a ansiedade, o tédio ou algum tipo de frustração.