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Terrible two

6 de agosto de 2019

“Não repara no filho dos outros que o seu nasce igualzinho”. Quem nunca escutou a frase ao assistir a um ataque de birra de um pequeno que atire a primeira pedra. Por aqui, os chiliques começaram perto de um ano e seis meses, com os dois pequenos. Já ouviu falar dos “terrible two” (terríveis dois), a adolescência infantil?

Pois bem, ela vem, em maior ou menor intensidade para uma parte das crianças. Aos que a enfrentam, parece interminável. São incontáveis “nãos” para um mesmo ensinamento, com retorno positivo em doses homeopáticas. Mas calma, ela passa, o feedback é moroso diante dos atos de desobediência e exige paciência dos papais.

Normalmente as explosões emocionais ocorrem em ambientes públicos. Shoppings, restaurantes, igrejas, a confraternização de trabalho e o encontro de família, por exemplo, são espaços escolhidos como cenário para o espetáculo de oscilação de humor. Basta contrariar, corrigir ou impor limites. Lá vem o choro, os gritos, as manhas com direito a se espernear, debater ou até mesmo agredir com tapas, mordidas, chutes e afins…

Mas como aquele doce, obediente e delicado bebê mudou completamente seu comportamento, se entregou à rebeldia e te cobrou reações inusitadas? Que frustração! Logo na frente de todos, seu filho escolheu para subir na escada sem corrimão ou resolveu colocar o chinelo do vovô na boca e você foi tentar contê-lo?

Inicialmente não sabíamos o que fazer. Corrigir verbalmente em público? Reagir ou ignorar? As informações de quem atravessou a mesma fase na criação dos filhos vêm aos montes quando as pessoas se deparam com papais acuados perante à reação inesperada do filhote. Porém, como não há fórmula secreta na educação, é indispensável encontrar o equilíbrio para a eficácia do processo. Cada criança se comporta de uma maneira diante da resposta dos pais. Nem sempre o que dá certo para um grupo familiar dá para outro.

Por aqui, os terríveis dois anos foram os primeiros testes de paciência de nível avançado. E, agora, estamos vivendo tudo de novo com o segundo pequeno. Com a morosidade na mudança de comportamento, houve dias em que nos entregamos à exaustão. Desgastados, enxergávamos negativamente as intervenções familiares, todas as orientações e direcionamentos com vistas a ajudar no processo. Mas, com o passar do tempo, percebemos que “ouvir” era um verbo de execução obrigatória.

Diante dos “terrible two”, organizar as ideias e pensar em atitudes preventivas de como se comportar diante de um chilique pode ser a saída para atravessar o período com maior leveza. Aos lugares com mais ou menos pessoas, as técnicas empregadas são semelhantes. É preciso sair de cena, respirar, conter a birra, acalmar a criança, com um abraço, um diálogo manso ou uma distração, por exemplo, e, em seguida, retornar, sem peso e medo do julgamento dos outros. Pois, se corrigir, será julgado. E se não, também será. Foco em você!

Durante a crise, entrar na disputa de poder com os pequenos torna o momento ainda mais penoso. É difícil compreender que um ser tão pequeno está querendo ditar as próprias regras, quando não a dos demais membros da família. Bater de frente, exaltar os ânimos, querer ganhar no grito ou na violência não é o caminho indicado. Sustentar a paciência, por mais difícil que pareça ser, facilitará a travessia durante a adolescência infantil.

Será preciso repetir “mil vezes” a mesma coisa, impor-lhe limites e utilizar o momento de calmaria, pós-ataques opositivos, para esclarecer e orientar sobre as atitudes corretas. Nem sempre ser do contra é ruim – queremos criticidade –, mas precisamos deixá-los cientes que as decisões trarão consequências e que sua conduta na paternidade ou maternidade é para preservar sua integridade física e moral.

Ah, e quanto à frase que abrimos o artigo. Pura balela! Seu filho atravessará as fases necessárias para seu amadurecimento. Julguemos menos o comportamento de outros papais. Muitos dos nossos erros são cometidos por ignorância ou na tentativa de acertar o caminho ideal a ser percorrido. Por aqui, a crise foi “tirada com a mão” no aniversário de 3 anos. Por aí, talvez ela tenha sido ou seja diferente. Não importa. Educar com amor é o recado. E, assim, seguimos juntos!

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